Uma mulher cuja vida se entrelaça com o universo dos livros e das bibliotecas.
Teresinha Vieira, aos 82 anos, tem um amor profundo pelos livros, uma paixão que começou na infância. “O gosto pela leitura não é um hábito para mim, é uma paixão”, explica. Ela credita esse amor aos seus pais, especialmente à mãe, uma autodidata que, mesmo sem formação acadêmica, instigou nos filhos a importância da leitura. Teresa, a primogênita de nove irmãos, sempre viveu cercada por livros e histórias.
Em visita à Biblioteca Labirinto, Terezinha Vieira conversou sobre sua vida, a importância dos livros e dos espaços de leitura e contou um pouco sua história.
Nos anos 60, Teresinha mudou-se para Brasília a pedido da mãe, para estudar na recém-criada Universidade de Brasília (UNB). Inicialmente, ela desejava estudar pedagogia, mas sua mãe a incentivou a seguir agronomia, uma área promissora na época. No entanto, ela acabou optando por letras, até que uma amiga sugeriu que ela tentasse biblioteconomia. “Foi uma decisão maravilhosa. Me formei em biblioteconomia e nunca mais olhei para trás.”
Após a formatura, Teresinha trabalhou na UNB e, posteriormente, no Itamaraty, onde teve contato com a vasta documentação do país. Sua carreira a levou a Recife e ao Rio de Janeiro, onde se especializou em documentação científica. Posteriormente, Teresinha se estabeleceu na Bahia, atuando no Centro de Pesquisa do Cacau, em Itabuna, onde trabalhou por 17 anos. “A ironia do destino é que nunca planejei trabalhar com cacau, mas a experiência foi enriquecedora.”
Após se aposentar, Teresinha mudou-se para Fortaleza. De volta à sua cidade natal, ela foi convidada a lecionar na Universidade Federal do Ceará, onde contribuiu para a formação de novos bibliotecários por quatro anos.
Como presidente da Associação de Bibliotecários por duas gestões, Teresinha ajudou a fortalecer a profissão e a promover o valor das bibliotecas na sociedade. Ela vê na Biblioteca Labirinto um exemplo de riqueza cultural. “Esta biblioteca é um tesouro com edições raras e uma coleção diversificada que inclui literatura, história do Ceará e do Brasil, antropologia e sociologia”, comenta.
Para Teresinha, uma biblioteca deve ser um organismo dinâmico. “Existe uma lei nas bibliotecas que diz: ‘Para cada leitor, seu livro; para cada livro, seu leitor’. A biblioteca deve ser um espaço vivo, onde o conhecimento é constantemente explorado e compartilhado.” Ela parabeniza a Fundação Valdemar de Alcântara pela iniciativa de abrir a biblioteca à sociedade, permitindo que mais pessoas tenham acesso ao valioso acervo.
A vida de Teresinha Vieira é um testemunho do poder transformador da leitura e das bibliotecas. Seu amor pelos livros e seu compromisso com a educação continuam a inspirar gerações de leitores e profissionais da informação.